Novelas,
filmes, reality shows e seriados têm tomado cada vez mais espaço
em nossa vida cotidiana. Uma grande parcela da população global que
tem acesso à televisão liga o aparelho assim que acorda. O mesmo
acontece com o rádio, que as pessoas normalmente escutam quando
estão a caminho do trabalho. Depois de um exaustivo dia trabalhando,
as pessoas chegam em casa e relaxam em frente à televisão. Eis que
nesta parte do dia, comecei a questionar se alguém consegue mesmo
relaxar em frente à tv com a programação atual que os canais abertos brasileiros nos oferecem. Será que já não passou
da hora da televisão brasileira evoluir? E essa é a reflexão que
trago hoje.
Começarei
a analisar os horários das programações dos principais canais da
TV aberta brasileira. A Rede Globo oferece em sua programação um
Telecurso Profissionalizante voltado aos trabalhadores, dois
Telecursos voltados ao público de Ensino Médio e um ao de Ensino
Fundamental. Oferece também um programa chamado Religião que
questiona como a religião e a igreja podem influenciar nos rumos de
uma sociedade. Alguém sabia disso? Acredito que pouquíssimos.
Afinal de contas, quais as crianças e os adolescentes que estão
acordados as 4:55 da manhã? O SBT (Sistema Brasileiro de Televisão)
não possui nenhum programa educativo além do Aventura Selvagem, que
na verdade é mais de curiosidades do que propriamente educativo. Já
a Rede Record é um pouco mais comprometida em manter o cidadão
brasileiro ligado naquilo que acontece no Brasil e no mundo. Tem
vários jornais e programas que discutem e expõem a situação atual
do Governo Brasileiro, mas, em contrapartida, a programação
direcionada ao público infanto-juvenil é um pouco precoce já que o
enfoque das novelas está muito ligado ao amor, à ganância, ao
egocentrismo, à desvalorização do próximo e ao estereótipo de
beleza. Assim como o SBT, a Band não possui em sua programação um
bloco educativo, mas tem muitos programas relacionados com a política
brasileira. Programação essa que eu não levo muito a sério, já
que na maioria das situações as notícias não são neutras e não
permitem que o telespectador tire suas próprias conclusões e
formule suas próprias opiniões. As ideias já vêm prontas.
Voltando
ao fato de não conseguir relaxar em frente à televisão, comecei a
prestar atenção em minha família enquanto a novela Avenida Brasil
(Rede Globo) passava na televisão de minha casa. Notei que todos
ficam desconfortáveis, com a musculatura dos ombros tensas, o cenho
franzido, o rosto com expressão de incredulidade. A novela, que era
para ser uma distração para público está deixando as pessoas
tensas e desconfortáveis no sofá da própria casa. Uma programação
que exagera e insiste no conceito mais primitivo de vingança, de
traição, de ganância, egocentrismo e na distorção de valores,
com certeza não é uma programação que traz resultados positivos
ao cidadão e principalmente à criança ou o adolescente que assiste
exemplos explícitos daquilo que não se deveria fazer. E o pior: as
emissoras, em geral, produzem novelas com estes enfoques durante sete
meses, ou seja, cerca de 179 capítulos e apenas no ÚLTIMO dão uma
liçãozinha de moral mostrando que tudo o que foi feito nos 178
capítulos anteriores era errado. As pessoas aprendem com o
exercício, assim como na escola. Qual será a impressão e a marca
que a novela ou minissérie deixará no telespectador?
Fica
aqui o meu questionamento e, quem sabe, um fragmento de uma
conclusão: uma emissora que é financeiramente comprometida, é mais
suscetível em ser uma imprensa eticamente comprometida. E tenho
dito.
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