sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Programações que não servem de programação


Novelas, filmes, reality shows e seriados têm tomado cada vez mais espaço em nossa vida cotidiana. Uma grande parcela da população global que tem acesso à televisão liga o aparelho assim que acorda. O mesmo acontece com o rádio, que as pessoas normalmente escutam quando estão a caminho do trabalho. Depois de um exaustivo dia trabalhando, as pessoas chegam em casa e relaxam em frente à televisão. Eis que nesta parte do dia, comecei a questionar se alguém consegue mesmo relaxar em frente à tv com a programação atual que os canais abertos brasileiros nos oferecem. Será que já não passou da hora da televisão brasileira evoluir? E essa é a reflexão que trago hoje.
Começarei a analisar os horários das programações dos principais canais da TV aberta brasileira. A Rede Globo oferece em sua programação um Telecurso Profissionalizante voltado aos trabalhadores, dois Telecursos voltados ao público de Ensino Médio e um ao de Ensino Fundamental. Oferece também um programa chamado Religião que questiona como a religião e a igreja podem influenciar nos rumos de uma sociedade. Alguém sabia disso? Acredito que pouquíssimos. Afinal de contas, quais as crianças e os adolescentes que estão acordados as 4:55 da manhã? O SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) não possui nenhum programa educativo além do Aventura Selvagem, que na verdade é mais de curiosidades do que propriamente educativo. Já a Rede Record é um pouco mais comprometida em manter o cidadão brasileiro ligado naquilo que acontece no Brasil e no mundo. Tem vários jornais e programas que discutem e expõem a situação atual do Governo Brasileiro, mas, em contrapartida, a programação direcionada ao público infanto-juvenil é um pouco precoce já que o enfoque das novelas está muito ligado ao amor, à ganância, ao egocentrismo, à desvalorização do próximo e ao estereótipo de beleza. Assim como o SBT, a Band não possui em sua programação um bloco educativo, mas tem muitos programas relacionados com a política brasileira. Programação essa que eu não levo muito a sério, já que na maioria das situações as notícias não são neutras e não permitem que o telespectador tire suas próprias conclusões e formule suas próprias opiniões. As ideias já vêm prontas.
Voltando ao fato de não conseguir relaxar em frente à televisão, comecei a prestar atenção em minha família enquanto a novela Avenida Brasil (Rede Globo) passava na televisão de minha casa. Notei que todos ficam desconfortáveis, com a musculatura dos ombros tensas, o cenho franzido, o rosto com expressão de incredulidade. A novela, que era para ser uma distração para público está deixando as pessoas tensas e desconfortáveis no sofá da própria casa. Uma programação que exagera e insiste no conceito mais primitivo de vingança, de traição, de ganância, egocentrismo e na distorção de valores, com certeza não é uma programação que traz resultados positivos ao cidadão e principalmente à criança ou o adolescente que assiste exemplos explícitos daquilo que não se deveria fazer. E o pior: as emissoras, em geral, produzem novelas com estes enfoques durante sete meses, ou seja, cerca de 179 capítulos e apenas no ÚLTIMO dão uma liçãozinha de moral mostrando que tudo o que foi feito nos 178 capítulos anteriores era errado. As pessoas aprendem com o exercício, assim como na escola. Qual será a impressão e a marca que a novela ou minissérie deixará no telespectador?
Fica aqui o meu questionamento e, quem sabe, um fragmento de uma conclusão: uma emissora que é financeiramente comprometida, é mais suscetível em ser uma imprensa eticamente comprometida. E tenho dito.


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